Autor: Steven Erikson
Publicação: 2000
Número de páginas: 843 páginas
Editora: Tor Fantasy
ISBN: 9780765348791
Deadhouse Gates é o segundo livro da série Malazan Book of the Fallen, de autoria do escritor Steven Erikson.
Apesar de contar com partes da narrativa dedicadas aos personagens e eventos narrados no primeiro livro, Gardens of the Moon, Deadhouse Gates não é a sua sequência direta. O livro se passa em grande parte no deserto de Raraku, localizado no subcontinente de Seven Cities, onde ao leitor é mostrado diversos outros cenários, uns mais bem detalhados do que outros, dependendo do que é contado em cada trecho do livro, porém, fica bem claro o quanto o Erikson é um autor excelente na criação e utilização de cenários na narrativa, incluindo questões populacionais, culturais e místicas.
O livro foca em diferentes pontos de vista narrativos, contados de forma separada com um ou outro ponto se cruzando com outro. Embora a série seja tida como complexa e até confusa no seu começo, afinal aqui o leitor é apresentado a um novo cenário e a uma gama de novos personagens em situações bem diferentes daquelas narradas no primeiro livro, percebe-se (no primeiro livro também já se percebia isso) que a narração acontece de forma ordenada e à medida que o leitor vai se acostumando com os personagens e cenário, essa ordem de narração.
A trama gira em torno de profetizado evento Whirlwind, onde os habitantes do sagrado deserto de Raraku planejam um levante, no caso, contra o Império Malazan e todos os Malazan instalados em seus domínios. O levante tem como líder, profetiza e sacerdotisa a figura conhecida como Sha’ik, para a quem o personagem Kalam tem uma missão importante, após cumprir a missão que o fez aportar em Seven Cities. O livro, como imagino que será toda a série, mistura muito questões de estratégia de guerra, política e o lado místico do mundo de Malazan, mas uma coisa deve ser lembrada cada vez que nós, leitores, abrirmos os livros da série: Malazan Book of the Fallen como o próprio nome diz, é uma série de romances dedicados aos caídos, àqueles que de certa forma participaram de todos os eventos, sem importar o lado, e acabaram fazendo parte da história pelo lado menos favorável de uma disputa.
Questões de como as intrigas e conspirações que levaram o Império Malazan ter uma nova soberana não o ponto forte da série, a meu ver. O que não significa que no momento da leitura não bata aquela curiosidade em saber como determinada situação narrada chegou naquele ponto, mas fica bem claro que o que importar contar naquele momento é aquele ponto, aquela parte de um todo, porque ali estará um personagem para o qual a série é dedicada.
O que eu quero dizer é que até onde li (estou no terceiro livro), o Erikson não destina a sua escrita aos acontecimentos que levaram a todo o planejamento da atual Imperatriz na busca da sua ascensão ao trono do Império, mas mostrar ao leitor o que decorre dessa ascensão, seja com personagens que fazem parte do Império, cidadãos, soldados, comandantes, nobres e cujo destino depende de suas ações e das ações do Império do qual eles mesmo sabem pouco, seja dos habitantes dos lugares conquistados, que desejam ver o seu lar livre do Império. Não importa o lado, a narrativa vai se dedicar àquele que de fato luta e enfrenta os problemas de uma conquista – seja do lado conquistador, seja do lado conquistado – e que acaba servindo de joguete para os que planejam e não querem sujar as mãos.
Portanto, não é nenhuma novidade leitores se sentirem confusos, mas quererem chegar ao fundo de tudo e ler a série inteira, como é o meu caso, e leitores que se sentem frustrados porque tiveram suas expectativas frustradas, porque o autor, brilhantemente, quebra a linha narrativa esperada por eles. Enfim, não faltam série que irão satisfazer o seu paladar literário. Para mim, Malazan está sendo um desafio, porque me deixa intrigada com uma vontade enorme de ver onde o Erikson irá me levar com esse enfoque.
Por fim, não dá para deixar de comentar aqui, sem soltar spoilers, o momento dedicado ao evento conhecido como a marcha/caminhada de Chain of Dogs. Acredito ser um evento icônico não somente do livro, mas de toda a série, pois me deparo com comentários daqueles que já terminaram a série. O evento traz o Fist Coltaine tendo de cumprir uma importante missão e é um dos pontos altos do livro tanto na caracterização dos personagens envolvidos, inclusive com as melhores linhas de diálogo, na minha humilde opinião, quanto nas cenas de ação e seu desfecho. Sem dúvidas não dá para fechar a leitura desse livro sem pensar no que isso será importante para o restante da série e reforça ainda mais a ideia que falei acima sobre o livro ser dedicado a um determinado grupo de personagens que em outra obra seriam meros coadjuvantes.
Série recomendadíssima.
.:.Até mais, gente!.:.
Já tinha perdido as esperanças de algum dia conseguir acompanhar a saga de Malazan, mas pelo o que andei pesquisando teremos em breve , inclusive os livros que não fazem parte dos 10 principais ( não sei se seriam spin-offs, pois muitos dizem que na verdade são livros complementares e muito bons por sinal ), como o “Noite das Facas e “Lamento do Dançarino”.
No final das contas a editora responsável será a “Cavaleiro Negro” , acredito que sejam novos no mercado, tudo indica que darão total atenção a Malanzan como sua principal obra. só não sei se tbm pretendem(ou se podem) publicar os 10 principais !
Resenha muito boa como de costume , fiquei com mais vontade de ter esses livros em mãos !
beijos !
É isso mesmo, Ramon. A Cavaleiro Negro está trazendo os livros do Ian, as duas trilogias prequels, uma do Ian e outra do Erikson, para o Brasil. Malazan Book of the Falle, porém, pertence, até onde sei, à Arqueiro (era da SdE BR, mas a editora fechou e seu catálogo foi para a Arqueiro), mas ainda não vi notícias da publicação no Brasil.
Oie Cassy,
Que bela resenha e como sabes infelizmente a SDE teve previsto lançar este autor por cá mas acabamos por ver que seria quase impossivel fazer sucesso devido às suas politicas de dividir os livros e verdade seja dita não deve haver leitores para este tipo de livro o que realmente é uma pena.
Mas quem sabe um dia não venha a ler, nem que seja em versão digital
abraços
Se for por questão da divisão, olha, vc sabe a minha opinião, mas antes dividida do que não publicada, porque, se não me engano, a série foi publicada com divisões na Alemanha e lá fez o maior sucesso.
Pingback: Divulgação: Las puertas de la casa de la muerte, de Steven Erikson | .:.Dragonmountbooks.:.
eu estou para adquirir jardins da lua, mas a traduçao deste segundo livro por aqui, ainda vai demorar muito, VC leu o livro em inglês ?
É, parece que a tradução por aqui vai demorar, mas tem a edição de Portugal, embora seja só metade do livro.
Sim, eu li em inglês mesmo.
Abs!
Pingback: Divulgação: Os Portais da Casa dos Mortos, de Steven Erikson | .:.Dragonmountbooks.:.