Título: Four Past Midnight
Subtítulo: Right time, wrong place
Autor: Stephen King
Publicação: originalmente em 1990
Número de páginas: 994 páginas
Editora: Hodder
ISBN: 9780340952757
A exemplo do livro Quatro Estações, Four Past Midnight é uma coletânea contendo quatro novelas, escritas por Stephen King. O processo de escrita e as inspirações do autor aparecem logo no começo da obra, nas já tradicionais anotações do escritor e antes de cada uma das novelas começarem a ser contadas. Abaixo a resenha de cada um dos quatro textos na ordem em que aparecem no livro:
One Past Midnight: The Langoliers – História que abre o livro e retrata o bizarro incidente com o voo 29, Los Angeles-Boston, que culminou no desaparecimento de alguns passageiros (durante o voo), além de um pouso forçado no estado do Maine, onde os demais passageiros testemunham outros fenômenos estranhos, sendo um deles, o fato do aeroporto onde foi feito o pouso de emergência estar completamente vazio.
Os passageiros, liderados pelo piloto Brian Engle e pelo misterioso Nick Hopewell tentam desvendar o que pode ter acontecido e, a partir daí, traçarem um plano para fazer o voo 29 voltar para a sua rota e chegar ao seu destino.
A situação piora quando um dos passageiros coloca em risco a vida dos demais, alegando que os Langoliers estão chegando. E para deixar a situação ainda mais arriscada, a garotinha Dinah também sente a presença desses seres e o potencial perigo que eles representam para todos ali.
Apesar da novela ser a primeira, foi a última que eu li e mostrou ser a melhor de todo o livro, pois os personagens são muito bem apresentados, embora não tão aprofundados como Stephen King sempre gosta de fazer em seus romances. Muito pelo fato de não ser um romance, óbvio. Mas aqui eu consegui me interessar mais pelos personagens do que nas outras três histórias.
O desfecho foi um dos mais interessantes que li dentre as quatro histórias e bem condizente com a narrativa.
Two Past Midnight: Secret Window, Secret Garden – História escrita por Stephen King após o autor sofrer acusações infundadas de plágios. O título, por sua vez, refere-se a um local especial mantido por sua esposa, a também escritora Tabitha King. Na história, Mort Rainey, escritor de grande sucesso, resolve se refugiar em sua cidade natal no Maine após o seu divórcio, para escrever o seu novo romance. Entretanto, o seu aparente momento de paz é interrompido por John Shooter, que alega ter sido plagiado por Mort. Para piorar, ao comparar os primeiros parágrafos dos dois textos, o seu e o de John, Mort vê as similaridades e fica preocupado com sua carreira, caso John resolva tornar a situação pública.
Apesar do inconveniente, Mort pensa ter uma chance de provar que ele, na verdade, é a vítima do alegado plágio e não John Shooter e enquanto espera por essa chance, sua instabilidade psicológica passa a ser o foco da narrativa e fica bem claro para onde Stephen King quer levar o seu leitor, deixando mais clara ainda a intenção de demonstrar o que pode de fato estar acontecendo com Mort.
O desfecho é bem tenso, pois mostra como está realmente abalada a saúde mental de Mort, porém, deixa aquela pulga atrás da orelha do leitor, o deixa aquela dúvida sobre se realmente estamos lidando somente com problemas mentais ou se há algo mais.
Secret Window, Secret Garden ganhou uma adaptação, em 2003, para a rádio BBC 4, e para o cinema, em 2004, Johnny Depp no papel principal.
Em suma, uma boa história que mostra o bom escritor que Stephen King é, guiando o seu leitor e o fazendo chegar a uma certa conclusão sobre o protagonista sem fazer com que o interesse pela leitura seja perdido, estimulando o leitor a continuar até ver se suas expectativas quanto ao personagem são de fato a conclusão a que chegou e dando um interessante desfecho para o texto.
Three Past Midnight: The Library Policeman – A história se passa em Junction City, Iowa, e gira em torno de Sam Peebles que, na véspera de dar um discurso no Rotary Club da sua cidade, acaba pegando emprestado dois livros na biblioteca local. Até aí, sem problemas, se não fosse o fato da bibliotecária Ardelia Lortz não ser a bibliotecária local, o que desencadeia uma série de fatos estranhos na vida de Sam, inclusive, ligados ao seu passado.
Recriar todo o aspecto de suspense que envolve o ambiente da biblioteca, tão ligado ao conhecimento e ao mesmo tempo ao fantasioso, em especial nas demais obras de ficção, foi uma tarefa desenvolvida com maestria pelo autor.
Entretanto, a narrativa começou bem morna, quase entediante. Até certo ponto da história, eu não conseguia me simpatizar com o Sam e toda a concepção do drama vivido por ele. Todavia, a partir do momento em que a história de Ardelia vem à tona a narrativa melhorou muito e a leitura fluiu muito bem. O contexto envolvendo Ardelia, Sam e o tal Library Policeman é muito bem amarrado e o desfecho foi bem condizente com o que foi contado, embora bem mais simplista do que imaginei.
Four Past Midnight: The Sun Dog – Em seu aniversário de quinze anos, Kevin ganha uma câmera Polaroid, modelo 660. Um presente bem interessante para o jovem, não fosse o fato de que há algo estranho na revelação das fotos. O jovem procura então Pop Merrill, dono de uma loja de penhor, para examinar a máquina e ajudá-lo a descobrir o que há errado. Na tentativa de encontrar a solução para o mistério, Pop fica cada vez mais obcecado pela máquina.
Apesar da boa narrativa, a demonstração do comportamento cada vez mais bizarro de Pop em relação à câmera, as tentativas de tentar impedir algo que parece impossível de se impedir, achei a história bem fraquinha. O desfecho foi condizente, mas bem óbvio. O que não é exatamente um ponto negativo, pois prefiro algo óbvio e dentro do razoável, de acordo com o que foi contado, do que soluções muito mirabolantes e sem qualquer fundamento dentro da narrativa, o que acaba destoando daquilo que foi narrado e parece forçado.
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De qualquer forma, indico o livro para quem quer conhecer mais trabalhos do autor.
.:.Até mais, gente!.:.