Resenha: Prince of Thorns, de Mark Lawrence

Prince of Thorns capaTítulo: Prince of Thorns

Autor: Mark Lawrence

Publicação: 02 de agosto de 2011

Número de páginas: 324 páginas

Editora: Ace Books

ISBN: 9780441020324

Quando ele tinha nove anos de idade, ele viu sua mãe e seu irmão serem mortos diante dele. Com treze anos ele era o líder de um bando de sanguinários. Aos quinze, ele quer ser rei.

É hora do Príncipe Honrário Jorg Ancrath voltar para o castelo de onde ele fugiu, para pegar o que é seu de direito. Desde o dia em que ele foi suspenso em um espinheiro e foi forçado a assistir o Conde Renar matar a sua mãe e o seu irmão, Jorg tem sido dominado pela raiva. Vida e Morte não são mais do que um jogo para ele – e ele não tem nada a perder.

Mas traição espera por ele no castelo de seu pai. Traição e magia negra. Não importa o quão feroz, pode a vontade um jovem conquistar inimigos com poderes além da sua imaginação? (sinopse retirada do site Goodreads – tradução livre)

Antes de deixar a minha humilde opinião a este livro, devo fazer um alerta: o livro é voltado para o público adulto, ou seja, para as pessoas consideradas pelas leis deste lindo país maiores de idade, aquelas que já completaram dezoito aninhos ou têm mais.

Prince of Thorns é o primeiro livro da trilogia The Broken Empire. A série ainda conta com King of Thorns, lançado em 2012, e Emperor of Thorns, cujo lançamento está previsto para agosto deste ano. Pelos títulos dá para se ter uma boa ideia da evolução da trama. 

Não tenho ideia quem foi o primeiro escritor a fazer o que o Mark Lawrence faz em Prince of Thorns, mas posso dizer que é uma excelente introdução ao gênero conhecido como Dark Fantasy. Não somente pelas questões sobrenaturais existentes no livro, mas também pela ambiguidade de caráter do protagonista Jorg Ancrath.

Pela sinopse acima, ficou claro que o jovem Jorg busca vingança e não poupará nada e nem ninguém para conseguir alcançar o seu objetivo. E o incrível é ter ideia do sentimento despertado por Jorg durante a leitora. Aos que lerão a obra, tenho certeza, sentirão o mesmo. Jorg age de forma inteligente e com uma perspicácia e crueldade difíceis de acreditar em alguém tão jovem, mas ao mesmo tempo desperta um sentimento de solidariedade em quem lê o livro. Mesmo com tudo que ele faz e permite o seu bando fazer, não senti nenhum asco ou contrariedade pela personagem. E nem pelos demais personagem integrantes do bando.

O Mark tem uma maneira muito boa de desenvolver as personagens e suas ações. A escrita é bem direta, mas de um modo bem envolvente. Mesmo assim, o Mark te faz ser mais uma testemunha dos atos do que um participante da narrativa. É um estilo muito parecido com o do Martin e do Brandon Sanderson, porém de uma forma nova para mim, pelo menos.

E nem as cenas de violência (e existem muitas, amigos. Preparem-se) por mais extremas que sejam, afastam a sua vontade de ler. Os trechos violentos são sim fortes, cruéis na maioria dos casos, justificados em alguns, porém muito bem contextualizados. Não há apelação ou violência gratuita, o autor consegue ser bem coerente no uso de determinadas ações no desenvolvimento da trama.

Um ponto interessante é o debate mental de Jorg. Ele patrocina muitas cenas incríveis no livro e cai sim em si quanto aos seus atos, mas com nada a perder, suas ideias são novamente marcadas pela vingança. Existe em algum ponto do livro uma explicação para isso. Para mim (não é spoiler, é minha teoria), tudo alimentado pelo próprio ideal vingativo do Jorg.

Mas o fato que me chamou atenção foi o mundo onde se passa toda a estória, chamado The Broken Empire, por possuir certas semelhanças com o nosso mundo. Não somente sociais, mas também históricas. E as coincidências não param por aí, a religião também possui uma estrutura bem parecida com a Religião Católica. O interessante foi notar a total ausência de intromissão da Religião Católica na política local, por sua vez, dois magos  – é a única coisa que consigo considerar que eles sejam – chamados por Jorg de pagãos, parecem ser os principais influenciadores dos governantes.

Existem outras semelhanças, mas não vou estragar a surpresa de vocês. Vai valer a pena ler. O que posso dizer é que  a filosofia, religião e culturas são bem parecidos e em alguns momentos os mesmos do nosso mundo. E apesar das referências serem aquelas de épocas distintas da nossa história, o trama se desenvolve em um cenário parecido com o da época medieval. Não há nada Steampunk que eu tenha notado, porém há referência também a avanço tecnológico em uma determinada área, mas o autor não desenvolveu isso na trama e ficou mais como curiosidade, acredito.

Tenho certeza muitos de vocês vão gostar. O livro será publicado em breve aqui no Brasil pela editora DarkSide Books e se tudo der certo espero que toda a trilogia seja publicada aqui.

Ah, quase me esqueci, a narração é em primeira pessoa, sob o ponto de vista do protagonista Jorg Ancrath. Mas nem pensem que Jorg é um coitado, ele tem um caráter firme e resoluto que chega a assustar. É de uma inteligência extrema e lê diversos livros de filosofia. Em diversos trechos é fácil esquecer que se trata de um adolescente e muitas pessoas criticaram o Mark por isso, por acharem impossível uma pessoa tão nova ser como Jorg é. Mas eu não vi nada demais nisso, está tudo muito bem contextualizado e nada é absurdo no livro, pelo menos na minha opinião. A narrativa volta no tempo em alguns capítulos, mas mantém-se na primeira pessoa. É só uma forma de explicar alguns fatos da trama, embora não explique tudo.

Recomendo muito.

Para finalizar, achei um conceito de Dark Fantasy que se encaixa bem a esta obra:

“Dark Fantasy é frequentemente usada como sinônimo de horror sobrenatural. Alguns autores e críticos aplicam o termo também às estórias de High Fantasy (Alta Fantasia) que apresentam protagonistas anti-heroicos ou moralmente ambíguos. Obras de fantasia de escritores associados ao gênero horror são por vezes descritos como Dark Fantasy. Por outro lado, o termo também é usado para descrever trabalhos mais sombrios de autores mais conhecidos por outros estilos da Fantasia” (retirado do site Goodreads – tradução livre).

.:.Abraços e até a próxima.:.

Sobre Cassy Teodoro

Constant Reader. SJW. Green Ajah.
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17 respostas para Resenha: Prince of Thorns, de Mark Lawrence

  1. Cassy disse:

    É bem contextualizado, como eu disse, mas quem não está acostumado pode se assustar um pouco, principalmente quem não curte muito a crueza do Martin.

  2. O enredo parece ser mesmo bem daora, mas eu sempre fico com o pé atrás quando o a estória é sobre um garoto/adolescente como protagonista. Sempre fico entediado porque não acho plausível alguém dessa faixa etária tomar certas atitudes devido à falta de maturidade, e acho que isso ocorre independentemente do que o garoto tenha passado. Mas vou dar uma chance a esse livro.

    • Cassy disse:

      Foi o que eu pensei tb quando li a sinopse, Adriano. Mas o Jorg tem uma atitude tão adulta que assusta. Vc chega a esquecer que é um menino de treze/quatorze anos. O Mark colocou tudo de uma forma muito bem feita. Claro, teve aqueles que acharam um absurdo e pouco crível. Mas na minha opinião ficou bom.

  3. Yasmin Carli disse:

    Li resenhas que criticaram muito o livro. Principalmente pelas ações de Jorg que não são todas justificadas (estupro tem justificativa?) Quero ler, mas já não espero muito muito. Adoro fantasia e não me importo com violência, só acho que todas as ações, mesmo as mais absurdas tem que ter um fundo. Vamos ver se gosto. Quanto a idade, olha se você voltar na história do mundo tivemos grandes líderes que assumiram suas responsabilidades novíssimos. Vários já tinham vasto conhecimento de filosofia, táticas de guerra, história, sociologia e tudo o mais antes dos 14. Esse é um dos pontos tranquilos afinal existem sim pessoas novas com mentes mais afiadas do que adultos. Enfim. Gostei do seu ponto de vista. Vou esperar a edição brasileira, minha fila está tão grande que a desculpa que agosto está logo ali caí bem. ^^

    • Cassy disse:

      Yasmim, eu é que tenho que agradecer pela excelente observação. Deixei essa parte que vc citou de fora, mas é algo perturbador sim. Porém, tem uma justificativa, ou melhor, tem uma explicação: a vingança. Pelo menos essa é a “justificativa” do Jorg. Ele e seu bando não poupam ninguém, e é isso que gerou muitas das críticas ao livro, acredito.

  4. Ois Cassy,

    Parece interessante sem duvida, gosto quando existe crueldade nos livros.

    Não faço ideia se está publicado por estes lados, mas vale a pena verificar 😉

    bjs

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  6. “Dark Fantasy é frequentemente usada como sinônimo de horror sobrenatural. Alguns autores e críticos aplicam o termo também às estórias de High Fantasy (Alta Fantasia) que apresentam protagonistas anti-heroicos ou moralmente ambíguos. Obras de fantasia de escritores associados ao gênero horror são por vezes descritos como Dark Fantasy. Por outro lado, o termo também é usado para descrever trabalhos mais sombrios de autores mais conhecidos por outros estilos da Fantasia”
    só esqueceu de citar os precursores do estilo , Glen Cook e sua Companhia Negra e o britanico David Gemmell (1 de agosto de 1948 — 28 de julho de 2006) com sua saga Drenai tales.
    Alias o Gemmel já ta merecendo uma resenha hein.

    • Cassy disse:

      Fernando, a denominação de Dark Fantasy que achei, foi retirada do site Goodreads, se alguém esqueceu de citar Glen Cook, foi quem desenvolveu a denominação e não eu. Infelizmente sei do talento do Glen Cook através de fãs, pois nunca li, assim que eu ler, e se gostar resenharei aqui, tenha certeza que vou enaltecer todas as qualidades do autor e fazer um artigo que ele merece ter de uma leitora.

      Quanto ao David Gemmel, vou pesquisar a obra dele, minha meta de leitura está enorme e não sei se dará para encaixar a leitura neste ano ainda, e não é só ele que merece uma resenha, existem inúmeros autores que estou devendo apresentar para os visitantes do blog. Recomendação anotada.

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  9. Lucas disse:

    onde posso comprar o livro em portugues? ou ler online?

    • Cassy disse:

      Olá, Lucas. Em português o livro pode ser adquirido em qualquer livraria física ou virtual. O título da publicação em português é o mesmo da edição em inglês e para você saber com certeza que está comprando a versão brasileira, basta olhar o logotipo da editora Darkside Books e o título da série que é Trilogia dos Espinhos na capa do livro. Espero ter ajudado. Abs.

  10. Maurilei disse:

    Este livro foi uma surpresa positiva para mim, pois eu não achava que iria gostar tanto assim. Gosto muito de anti heróis.

    bomlivro1811.blogspot.com.br

  11. Comprei essa trilogia na semana passada, Cassiana, e não vejo a hora de começar a lê-la!
    Apesar de saber que toda a série tem altos e baixos, estou muito ansioso para conhecer Jorg!
    Abraços!

    bravuraliterariablog.blogspot.com.br

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